Assédio moral ainda afeta mais mulheres que homens no Brasil segundo pesquisa

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No Dia Mundial de Enfrentamento ao Assédio Moral, nesta quinta-feira (2), dados revelam uma triste realidade nacional, onde mulheres brasileiras sofrem quase três vezes esse tipo de comportamento tóxico que os pares homens no ambiente de trabalho. Dados coletados por uma pesquisa do ano passado, da Forum Hub indicam que 71% dos profissionais que sofrem assédio moral no país são mulheres, enquanto 25% são homens.

Segundo a psicóloga clínica e mestra em psicologia social, Mariela Altamirano, o assédio moral gera dano moral à vítima, com tratamento humilhante, prolongado, constante e muito constrangedor no ambiente, podendo afetar a saúde mental e até física, bem como a produtividade da vítima.

Ela revelou que geralmente pode ser causado por um líder, tendo uma conduta abusiva com um subordinado; de um colega do mesmo nível hierárquico, geralmente motivado por sentimentos de inveja ou alta competitividade; de um subordinado ou um grupo de subordinados, cometendo discriminação ou boicote, contra um líder, e ainda pode motivado pela cultura organizacional com condutas tóxicas que estimulam ações que possibilitam diversos tipos de assédio moral no dia a dia. 

Se ainda não sabe identificar o que caracteriza essa prática abusiva, Mariela orienta sobre alguns sinais como: tratamento humilhante prolongado, constante e muito constrangedor no ambiente, intenção de fazer sentir mal à vítima, seja culpando e/ou ameaçando; omissão de informações necessárias para um bom desempenho laboral; comunicação de inverdades, com o objetivo de prejudicar o assediado; induzir propositadamente a vítima ao erro, ou fazer tarefas inatingíveis.

Outras características como humilhação ou acusação em público ou em privado, com palavras, gestos ou atitudes, frequência predeterminada e sistemática do comportamento de hostilidade, abuso, pressão, ofensas, agressão, entre outros, ameaças de perda de algum benefício ou até de demissão, advertências sem justa causa, exclusão das vítimas de grupos de WhatsApp também fazem parte do perfil abusador, segundo a psicóloga.

Se você identificou alguma das situações citadas, Mariela recomenda a procura de um psicólogo que pode guiar assertivamente as medidas ou no mínimo ao setor responsável da sua empresa, caso a vítima considere que valha a pena. 

É possível se prevenir do abusador desde que haja a sua identificação e a empresa tome as providências necessárias. “Geralmente o assediador tem por costume manipular, nem que seja usando inverdades, contradições, se fazendo de vítima pelo que está acontecendo. No mínimo, se tiver outras qualidades, remanejar o assediador para outro setor longe da vítima, cuja tarefa será do setor de Recursos Humanos”, orientou a psicóloga. 

Ela asseverou que toda empresa deve adotar medidas necessárias para acabar com o assédio moral e assim resgatar e resguardar a integridade psicofísica da vítima, evitando custos econômicos, emocionais e sociais à vítima e a empresa como um todo.
“Caso a empresa não tome nenhuma providência, a vítima pode pedir remanejamento internamente ou até procurar outra instituição para trabalhar, já que o bem-estar mental, deve ser protegido pois tem um valor muito importante e deve ser bem preservado”, advertiu.

A psicóloga destacou que vale a pena denunciar às autoridades competentes, por prejudicar a vida profissional, social, moral e pessoal e se possível deve buscar inicialmente ajuda dos colegas, em especial daqueles que presenciaram as agressões. Outra dica orientada pela profissional é a anotação detalhada das situações de assédio com data, hora, local, testemunhas e o conteúdo das agressões.

“Comunicar o fato à administração ou à comissão de prevenção e combate do assédio também pode ser uma saída. É importante colocar limite no abusador, bem como se proteger e se fazer merecedor do respeito como todo ser humano. Se a queixa administrativa no trabalho não for efetiva, denunciá-lo judicialmente mediante um advogado especialista também pode ser outro caminho”, informou a psicóloga.

Ela destacou que o assédio moral pode causar inúmeros prejuízos à vítima, mas o mais marcante é o impacto direto na saúde mental, física e social da vítima. 

“Pode causar alienação social, prejudicar com a autoestima e o equilíbrio emocional favorecendo o surgimento da Síndrome de Burnout e a Síndrome do Impostor, bem como depressão, ataques de pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada, traumas, fobias, falta de concentração e produtividade, estresse e até mesmo a vontade de suicídio e consequentemente, o prejuízo à saúde do corpo como: enxaquecas ou outros sintomas físicos sem causa aparente,  ou seja, o maior prejuízo ocorre com a fragilização da dignidade da pessoa humana”, elencou Mariela.

Ela destacou que o assédio moral no trabalho é considerado um crime, porém é necessário ter provas concretas, como: testemunhas, escritos, mensagens eletrônicas, áudios, vídeos, entre outros. “Lembrando que condutas isoladas não podem ser consideradas assédio moral, que foi a denúncia mais feita pelos empregados de sete entre 10 empresas no país”, informou.


 

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