Exposição fotográfica chama a atenção da 4ª causa de morte em mulheres no país: câncer de colo uterino
Se a descoberta de um câncer já é impactante, imagine junto com a notícia ainda precisar enfrentar no meio do tratamento a informação que houve negligência médica, segundo relatou a advogada Juliette Lima, uma das personagens da Exposição Resistência que retrata mulheres curadas de câncer de colo uterino, dentro do Março Lilás, campanha de prevenção e conscientização à doença. O evento foi aberto na tarde desta sexta-feira (8), no pátio do Liv Mall Shopping e se estende até o domingo (10).
Os desafios de Juliette de longe chegavam a ser nos tribunais da vida em defesa dos seus clientes, de fato, eles começaram há seis anos quando descobriu o câncer de colo uterino em exames de rotina com a ginecologista. A doença veio de forma silenciosa, como na maioria dos casos.
Segundo ela, inicialmente foi descoberta a Neoplasia Intraepitelial Cervical, grau 2 (NIC 2). Esse tipo é considerado moderado onde cerca de dois terços do colo do útero é afetado e provavelmente é preciso fazer uma cirurgia para retirar as células anormais. No caso de Juliette, foi necessário realizar o procedimento cirúrgico.
Com a descoberta de um tipo que necessitaria cirurgia ainda no auge da juventude aos 26 anos, Juliette ficou apreensiva, pois como a maioria das mulheres, o sonho de ser mãe era uma realidade, mas não naquele momento, pois estava no início da carreira.
A profissional médica que a acompanhava lhe recomendara que o momento de maternar seria aquele e sabe aquele ditado “entre a cruz e a espada”? Foi exatamente dessa forma que Juliette ficou, pois estava no início da carreira e precisava adiar a vontade de ser mãe. “Foi uma decisão bastante frustrante, difícil para tomar, mas eu decidi que aquilo eu não queria naquele momento”, contou.
A cirurgia foi realizada e ela precisou de acompanhamento a cada seis meses. Nesse tempo, mudou de ginecologista por contratempos de agenda e para sua surpresa, há dois anos descobriu que entre a mudança de médicas, já tinha indicação de uma segunda cirurgia, por não ter sido feita a retirada total da lesão.
“Foi outro baque bem frustrante, e decidi procurar outro centro médico vizinho da capital, fui submetida a uma segunda cirurgia no ano passado, pois o estágio já estava mais avançado que é o NIC 3, mas recebi esclarecimentos que tenho condições de gerar um filho. Graças a Dra Angelina e a Dra Wanuzia posso comemorar e dizer que estou curada”, confessou Juliette.
A advogada disse que hoje comemora a vitória e o sucesso do tratamento do câncer de colo uterino, e com a maturidade que alcançou já planeja em gestar e ser mãe de um único filho por enquanto.
Se cinco anos foi o tempo de via-crúcis de Juliette, entre a descoberta da doença e a última cirurgia, a mesma chance não bate na porta de milhares de mulheres brasileiras, pois o câncer de colo uterino é a quarta causa de mortes do gênero no país, segundo a ginecologista e presidente da Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia – Capítulo da Paraíba, Wanuzia Miranda.
“A gente, principalmente do Nordeste tem muito tabu em falar sobre o câncer, pois é uma palavra que assusta, então as pessoas evitam muito falar, ninguém quer falar de coisa ruim. A internet tá aí só falando e mostrando a felicidade das pessoas. Tantas doenças aí que se resolve com vacina e as pessoas não querem tomar por mera ignorância. Acredito que a informação que vai fazer a diferença”, alertou Juliette.
A DOENÇA - O câncer de colo de útero é um tumor que se desenvolve a partir de alterações no colo do útero, região localizada no fundo da vagina. Essas alterações são chamadas de lesões precursoras. Quando as alterações que antecedem o câncer são identificadas e tratadas, é possível prevenir a doença em 100% dos casos.
Segundo a ginecologista Wanuzia Miranda, comportamento sexual de risco, banalizar o sexo por conveniência, são fatores de risco da doença, mas ela faz alerta e um dever de casa que começa pela prevenção básica que é a vacinação contra o HPV, disponível na rede pública para meninos e meninas dos 9 aos 14 anos. “A proteção da vacina vai até 10 após tomar a vacina”, lembrou.
Outro tipo de prevenção é o exame Papanicolau que também está disponível no SUS e sistema suplementar.
EXPOSIÇÃO – Segundo a fotógrafa Lu Cabral, especialista na fotografia de mulheres, as modelos são pessoas com histórico de superação e vieram trazendo sua ressignificação. “Nós priorizamos as fotos preto e branco. Foi bastante emocionante fazer esse trabalho e isso trouxe a certeza que eu estou no caminho certo. Procurei diminuir no máximo as informações, e procurei evitar que um ruído, uma cor roubasse a atenção. Quis comunicar a beleza natural delas, o brilho no olho. Foi uma oportunidade de reforçar o minimalismo e o essencialismo, destacou Lu.
A Exposição Resistência é uma iniciativa da Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia – Capítulo da Paraíba e conta com o apoio do Programa de Crédito para Mulheres Empreendedoras (CMEC), Secicol, Liv Mall Shopping, Valor Real – Corretora de Seguros e Flora Falcone.
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