Combustíveis fósseis matam milhões de pessoas por ano, revela estudo da Lancet

Sabine / Pixabay


Um estudo concluiu que o "vício em combustível fóssil" degrada a saúde pública, no qual se sustenta que, em todo mundo, a queima de carvão, petróleo e gás natural mata 1,2 milhões de pessoas por ano.

O estudo relata um aumento dos óbitos por calor, fome e doenças infeciosas à medida que a crise climática se intensifica. E frisa que os governos continuam a dar mais subsídios aos combustíveis fósseis do que aos países mais pobres que sofrem os impactos do aquecimento global.

O relatório Health at the Mercy of Fossil Fuels, do grupo Lancet Countdown sobre saúde e mudanças climáticas, foi realizado por cerca de 100 especialistas de 24 instituições e publicado na véspera da Cúpula do Clima que vai decorrer no Egito.

"A crise climática está a matar-nos. Está a prejudicar não apenas a saúde do nosso planeta, mas também a saúde das pessoas em todos os cantos do mundo – através da poluição, diminuição da segurança alimentar, maiores riscos de surtos de doenças infeciosas, calor extremo recorde, secas e inundações”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O estudo revela ainda que só nos Estados Unidos são registadas 11.800 mortes devido à poluição do ar.

"A nossa saúde está à mercê dos combustíveis fósseis", disse Marina Romanello, investigadora de saúde e clima da University College of London e diretora-executiva da Lancet Countdown.

O relatório, que acompanha 43 indicadores de saúde e clima, incluindo a exposição ao calor extremo, conclui que as mortes relacionadas às temperaturas elevadas nas populações mais vulneráveis – bebés com menos de um ano de idade e adultos com mais de 65 anos – aumentaram 68 por cento nos últimos quatro anos em comparação com 2000-2004.

“As ondas de calor não são apenas muito desconfortáveis, elas são letais para pessoas com vulnerabilidades”, realçou Romanello.

"Estamos a ver um vício persistente em combustíveis fósseis que não está só a aumentar os impactos das alterações climáticas na saúde, mas que agora também está a somar-se a outras crises simultâneas que estamos a enfrentar globalmente, incluindo a pandemia da covid-19, a crise do custo de vida, a crise energética e a crise alimentar, que foram desencadeadas após a guerra na Ucrânia", indicou Romanello.

"Descobriu-se que a combustão de gás em carros o carvão em centrais termoelétricas provoca asma nas crianças e problemas cardíacos. Prescrever um inalador não vai resolver a causa de um ataque de asma para um menino que vive próximo de uma estrada onde os carros estão a produzir poluentes perigosos e as alterações climáticas estão a aumentar o fumo de incêndios florestais, pólen e poluição por ozono", acrescentou a médica.

O professor de medicina da Universidade de Calgary Courtney Howard, que não fez parte do estudo, afirmou que o relatório da Lancet mostra o aumento das mortes por poluição do ar e calor, alertando que as pessoas "continuam a ter o comportamento habitual, apesar dos danos conhecidos".

"Até agora, o nosso tratamento ao nosso vício em combustíveis fósseis tem sido ineficaz", concluiu.

Os investigadores explicaram ainda que as cerca de 1,2 milhões de mortes por ano em todo mundo por pequenas partículas no ar baseia-se em "imensas evidências científicas", de acordo com a professora da Harvard School of Public Health, Renee Salas.

C/ Agências


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