Pediatra paraibano pede que população não entre em pânico mas fique de olho em sintomas parecidos com hepatite misteriosa

 

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Fiquem de olho, mas não em pânico, quanto a hepatite misteriosa que vem assolando o Reino Unido, EUA, e com casos em investigação no Brasil. O pediatra paraibano Flávio Melo falou em suas redes sociais que é bastante provável que o adenovírus esteja em sazonalidade atualmente no país, e o tipo 41F é uma hipótese à infecção por esse tipo de vírus no Reino Unido, com a possibilidade de participação do SCV-2 como cofator. Pelo menos, 16 casos brasileiros de hepatite aguda infantil estão sob suspeitas.

Flávio ainda explicou que caso apareçam sinais como dor abdominal, vômitos, falta de apetite, amarelidão nos olhos e na pele (icterícia) e urina de cor escura, procurem um pronto-socorro para avaliação. 

O médico levanta hipóteses porque então especificamente o adenovírus 41F está causando problemas nas hepatites nas crianças. “Há algumas suposições, que ainda estão em investigação, como foram levantadas em um documento técnico divulgado, onde relata que um cofator que afeta crianças pequenas está tornando as infecções normais por adenovírus mais graves ou fazendo com que elas desencadeassem uma doença imune, ou o cofator poderia ser: suscetibilidade, por exemplo, devido à falta de exposição prévia durante a pandemia.

Outras hipóteses relatadas são: que seria uma infecção anterior com SARS-CoV-2 ou outra infecção, incluindo um efeito restrito à variante ômicron ou uma coinfecção com SARS-CoV-2 ou outra infecção, e ainda uma toxina, droga ou exposição ambiental, ou um novo adenovírus variante, com ou sem a contribuição de um cofator conforme listado acima, entre outras hipóteses.

Segundo relatório publicado pela Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido, em inglês, UKHSA, dos casos notificados, a hipótese mais provável continua envolvendo a infecção pelo adenovírus, com a possibilidade de participação do SCV-2 como cofator.

Em uma das suas postagens, o médico traz o relato de um artigo de uma das mais renomadas hepatologistas pediátricas do planeta, a Dra Deirdre Kelly, que informava que tinha encontrado um relato médico de 1924, portanto pós pandemia da gripe espanhola, de um surto de icterícia epidêmica entre 1921 e 1922.

“Seria um momento parecido com o nosso, onde estamos caminhando para o final da fase pandêmica, com relaxamento das medidas de controle e surgimento de vários quadros virais simultâneos, após longo tempo de restrições”, disse o pediatra paraibano.

Segundo ele, o relato descreve detalhadamente o estudo de 700 casos de hepatite aguda no estado de Nova Iorque/EUA, com muitas similaridades com a situação que estamos vivendo nas crianças atualmente. “Logicamente, à época, não teríamos condições de afastar a possibilidade de um surto de hepatite A, por exemplo. Porém, coincidentemente, a maioria dos casos ocorreu na idade escolar na época, entre 5 e 14 anos, com quase 60% dos casos”, lembrou.

Conforme o pediatra, o surto teria acontecido entre setembro de 1921 e março de 1922, final da pandemia da gripe espanhola e deixou um saldo de cinco casos fatais.

Segundo Flávio, uma das hipóteses que está sendo levantada como causa dos casos atuais é a autoimunidade, disparada por infecção prévia pelo vírus SCV-2 e/ou com participação dos adenovírus, famoso vírus das "escolites" das nossas crianças.

Flávio chega a conclusão que uma coisa é certa: os vírus são causadores de reações autoimunes, há precedentes com o SCV-2 (diabetes tipo 1, doença celíaca, etc) e o adenovírus poderia ser o "disparador" pelo fenômeno de mimetismo molecular. “Outro ponto relevante é que não seriam todas crianças suscetíveis ao fenômeno, apenas as que tenham uma predisposição genética para o problema. Há luz no fim do túnel”, destacou.

Ele lembrou que provavelmente, ninguém passa pelo planeta terra sem alguma vez na vida entrar em contato com o adenovírus e certamente muitas vezes. “Na esmagadora maioria das pessoas (e das crianças), os adenovírus causam as "escolites" tão comuns, os resfriados, uma diarreia breve”, informou.